Chrysobalanus
icaco L. Sinônimos: bajerú, guajerú, abajero, ajuru, ajuru-branco,
ariu, cajuru, goajuru, guajiru, guajuru, oajuru. – Sinônimos
botânicos: Chrysobalanus ellipticus Sol. ex Sabine, Chrysobalanus
guianensis Klotzsch, Chrysobalanus icaco L., Chrysobalanus icaco var. ellipticus
(Sol. ex Sabine) Hook. f., Chrysobalanus icaco var. genuinus Stehlé, M. Stehlé
& Quentin, Chrysobalanus icaco var. pellocarpus (G. Mey.) Hook. f.,
Chrysobalanus interior Small, Chrysobalanus luteus Sabine, Chrysobalanus
orbicularis Schumach., Chrysobalanus pellocarpus G. Mey., Chrysobalanus
purpureus Mill., Chrysobalanus savannarum Britton, Prunus icaco Labat, Sorbus
aucuparia L. – Outros nomes populares: bajerú, guajerú, abajero,
ajuru, ajuru-branco, ariu, cajuru, goajuru, guajiru, guajuru, oajuru.
Família: Chrysobalanaceae.
Constituintes químicos:
Propriedades medicinais:
Indicações: blenorragia, crônica, diabete tipo 2, diarréia,
leucorréia, reumatismo.
Parte utilizada:
Contra-indicações / cuidados:
Efeitos colaterais:
Modo de usar:
Algumas espécies do gênero: Chrysobalanus
Outras informações: Cientistas brasileiros isolaram nas folhas de
um arbusto conhecido popularmente como abajerú (Chrysobalanus icaco) uma
substância anticancerígena, o ácido pomólico, capaz de destruir diversos tipos
de tumores. O composto surpreendeu os pesquisadores ao apresentar atividade
também contra células cancerosas resistentes a múltiplas drogas, uma
característica considerada rara pelos cientistas. O grupo da UFRJ considerou a
descoberta tão promissora que decidiu patentear a substância. O composto acaba
de ser registrado no Tratado de Cooperação de Patentes, acordo internacional
que cobre 122 países. A UFRJ ficará com 70% dos recursos gerados, enquanto os
30% restantes serão divididos entre as cientistas. Os próximos passos da pesquisa
incluem testes de toxicidade em camundongos e a síntese artificial do ácido, já
que o processo de purificação a partir do abajeru produz pouca quantidade. Como
essas etapas são caras, a idéia é estabelecer um acordo com uma indústria
farmacêutica, melhor equipada para esse tipo de tarefa.
A atividade anticancerígena foi constatada em laboratório, em testes realizados
com linhagens de células de tumores de mama, cérebro, pulmão, intestino,
laringe e medula. ‘O que mais chamou nossa atenção foi observar que a
substância matava também linhagem de células de leucemia resistentes a
múltiplas drogas’, afirmou a pesquisadora Cerli Rocha Gattass, do Instituto de
Biofísica Carlos Chagas, que está coordenando os testes. Uma característica
particularmente valiosa do ácido, só encontrada em um número muito reduzido de
compostos, é sua capacidade de afetar células com resistência a múltiplas
drogas (MDR), principal causa da falha de quimioterápicos. A resistência a
quimioterápicos normalmente usados no combate à doença é um problema sério
porque praticamente inviabiliza o tratamento. Segundo os cientistas,
substâncias capazes de matar a célula doente e, ao mesmo tempo, driblar a
resistência são muito raras. No Brasil, não há nenhuma patenteada.
Usado popularmente no tratamento da diabetes, o abajeru, encontrado em
regiões tropicais da África e América do Sul, foi alvo do estudo da
pesquisadora Maria Auxiliadora Kaplan e sua aluna de doutorado, Raquel Oliveira
Castilho, do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da UFRJ. A doutoranda
isolou várias substâncias da planta, das quais três foram testadas para
detectar atividade anticancerígena. O ácido pomólico foi o mais efetivo. “Ele
atua induzindo a apoptose, a morte celular programada, nas células cancerosas”,
explica a biofísica Cerli Rocha Gattass, chefe do Laboratório de
Imunoparasitologia da UFRJ, que coordenou os testes. A substância apresenta
ainda uma baixa letalidade de células normais, apenas 12% a 14%, e requer uma
menor dose para surtir o mesmo efeito de outros quimioterápicos, como a
cisplatina. A maneira pela qual o ácido consegue evitar a MDR ainda não está
esclarecida. A resistência funciona a partir de proteínas que atuam como
bombas, expulsando os medicamentos para fora da célula e reduzindo sua
efetividade. “O ácido pomólico surpreendeu porque conseguiu afetar células de
um tipo de leucemia que expressa MDR — uma das linhagens mais resistentes”,
revela a biomédica Vivian Rumjanek, chefe do Laboratório de Imunologia Tumoral
e que também coordenou os testes. O próximo passo é testar o composto em
camundongos. O grupo da UFRJ espera que a substância desperte o interesse de
alguma indústria farmacêutica para que, um dia, possa ser transformada em
remédio. Os testes preliminares não demonstraram toxicidade. ‘Acreditamos que a
substância tem um altíssimo potencial, tanto que investimos na patente’,
afirmou Cerli. ‘Se tudo isso for confirmado, será de grande interesse para a
indústria farmacêutica.’ A substância foi isolada por Raquel Oliveira Castilho,
no Laboratório de Produtos Naturais da UFRJ. Sua atividade foi analisada por
Cerli, Vivian Rumjanek e Janaína Fernandes.
Origem: O arbusto conhecido como abajeru é encontrado
principalmente na África ocidental e nas áreas tropicais das Américas. Trata-se
de planta que cresce essencialmente em regiões de restinga e é comum no Sudeste
do Brasil. O abajeru é usado pela medicina popular no tratamento da diabetes, o
que chamou a atenção dos pesquisadores para estudar seus compostos químicos.
Coordenadora do grupo que analisa a atividade anticancerígena de uma substância
isolada no abajeru, Cerli Gattass alerta, no entanto, que os cientistas estão
testando um composto químico, extraído da planta em laboratório.
Cuidados: Há um risco de tomar o chá dessa planta. Em primeiro lugar
porque ela não produz apenas essa substância mas também outras que são tóxicas.
Em segundo, porque esse composto não está presente no chá’, afirmou. ‘Ou seja,
quem tomar o chá não vai estar tomando a substância. Não adiantaria nada.’ Para
a pesquisadora, a descoberta é importante por revelar o grande potencial da
biodiversidade do país na produção de novos fármacos. Segundo a cientista, a
planta, comum na América e na África Ocidental, já tinha um uso popular no
tratamento do diabetes. Raquel de Oliveira Castilho, então estudante de
doutorado no NPPN (Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da UFRJ), passou a
estudar as propriedades dos extratos e das moléculas do abajeru. Com ajuda de
Castilho, hoje na Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande (MS),
Gattass notou que a planta tinha um verdadeiro arsenal biológico: suas
moléculas tiveram efeito positivo contra diabetes e também contra bactérias,
contra os parasitas causadores da leishmaniose e da doença de Chagas e,
finalmente, contra o câncer.
A molécula que apresentou a ação anticancerígena, ácido pomólico, era
desconhecida, conta Gattass. “Só havia seis trabalhos na literatura
[científica], que apenas diziam que ele estava presente na planta”, afirma.
Com a ajuda da biomédica Vivian Rumjanek, também da UFRJ, a pesquisadora
decidiu submeter o ácido a uma prova de fogo: o contato com linhagens de
células de câncer resistentes a praticamente todo tipo de quimioterapia. No
caso, os vilões celulares causam a chamada leucemia mielóide, um câncer das células
sanguíneas. “Elas são selecionadas em laboratório para ficarem cada vez mais
resistentes aos medicamentos, como ocorre no organismo de um paciente de
verdade”, explica Rumjanek.Por razões ainda pouco conhecidas pelos cientistas,
esse tipo de célula tem, na sua membrana, proteínas que funcionam como uma
bomba, ejetando continuamente qualquer substância nociva para fora da célula.
“Acontece que o ácido pomólico matava a linhagem toda e ia muito bem,
obrigado”, brinca Gattass. O mesmo aconteceu quando a substância foi posta à
prova contra cânceres de pulmão, mama, laringe, intestino e cérebro. Entre 70%
e 90% das células cancerosas eram eliminadas. Como o ácido pomólico faz isso
ainda não está claro. Estudos da estudante de doutorado Janaina Fernandes, orientada
por Gattass, sugerem que a molécula gera uma pane nas mitocôndrias (usinas de
energia das células). Segundo a biofísica, os efeitos do ácido em células
normais são pequenos.
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